O candidato Paulão, do PT, foi o terceiro participante da série de debates promovida pela Associação dos Procuradores do Estado de Alagoas (APE/AL), na manhã desta terça-feira (20). Na oportunidade, foram apresentadas suas principais propostas para a Prefeitura de Maceió e esclarecidas dúvidas levantadas pelos associados presentes.

Tendo iniciado a carreira como advogado trabalhista e com uma longa trajetória política, o candidato já foi vereador da capital, deputado estadual e atualmente exerce o cargo de deputado federal, representando Alagoas na Câmara. Confira abaixo os destaques do debate mediado por Marcos Savall, vice-presidente da APE.

Candidatura

“Como vereador e deputado tive a oportunidade de fiscalizar e legislar. Mas eu tinha um limite, que é a execução. Por isso resolvi me candidatar, quero assumir este desafio de poder realizar, trabalhar vários eixos possíveis e tentar amenizar a realidade social preocupante de Maceió.”

Reforma eleitoral

“Eu e meu partido concordamos com o financiamento público de campanha. É um laboratório pra gente, mas sabemos que o maior beneficiado acaba sendo o gestor que está dentro da máquina. A minha campanha, por exemplo, tem um produtora que custou 160 mil reais. Enquanto outros candidatos investiram milhões. Esses se tornam atores na tv, induzindo não conteúdo, mas forma. Enganando a população pouco escolarizada e politizada.”

Educação

“Vamos trabalhar dois eixos: creches e escola de tempo integral. As creches são para valorizar a mãe que trabalha fora de casa e a própria criança, pois sabemos que o desenvolvimento cognitivo acontece até os 3 anos de idade. Daremos oportunidade para a criança ter alimentação, estímulos visuais, sociabilidade. Depois vem a escola de tempo integral, instaladas em bairros de maior violência, os chamados ‘pontos quentes’, como Benedito Bentes, Vergel e Orla Lagunar. Precisamos priorizar essas regiões.”

Segurança

“A constituição diz que segurança é dever do estado, mas o papel do município é ter um plano, uma ponte com o governo federal, para contribuir também. Há uma intolerância e nível de preconceito altíssimo entre os nossos policiais. Muitos problemas que podem ser solucionados com medidas educativas.”

Orçamento participativo

“A definição do orçamento da cidade deve ser participativa. Isso já acontece em Recife e Fortaleza, da seguinte maneira: o gestor estabelece um planejamento com secretários e demais órgãos, divide a cidade em zonas, bairros e vai debater com a sociedade. É um espaço para ouvir o morador, um processo educativo no qual estimulamos aquela pessoa pacata e sem voz, que por uma razão histórica era submissa, a ser cidadã.”

Candidato Paulão (PT) e Marcos Savall, vice-presidente da APE

Paulão participa do debate ao lado do vice-presidente da APE/AL, Marcos Savall

Corrupção

“As grandes obras de engenharia estão sempre ligadas aos escândalos. Nunca obras sociais. Quais são as pequenas alterações que beneficiam os moradores daqui? As pessoas querem postos de saúde, mais do que asfalto”.

Mais médicos

“A atual gestão não quis o programa devido ao preconceito ideológico. Mas o profissional do programa é aquele médico que vê o paciente, toca, humaniza o atendimento. Com o orçamento participativo conseguiremos definir as prioridades junto com a população, melhorando seu pertencimento. As associações passariam se organizar ainda mais para priorizar a saúde, certamente. Mas a câmara não gosta disso, nem a prefeitura.”

Urbanismo / Moradia

“O crescimento precisa ser vertical e não horizontal. Por isso Maceió está distante do modelo urbanista moderno. Vamos encontrar a solução, com o conceito de cidade compacta. Sei que apenas seis famílias são donas dos terrenos do centro da cidade e podemos rever essa situação. A população precisa de centros de integração, unir serviços e moradia. Priorizando quem trabalha ali, melhorando a qualidade de vida do trabalhador que passa horas no transporte para ir e voltar do serviço.”

Mobilidade urbana

“Precisamos favorecer o transporte público. Mas como fazer isso sem segurança? Dentro do ônibus temos assaltos frequentes, o que choca. Taxi é caro. O transporte precisa ser discutido com técnicos de engenharia e participação popular. Temos uma frota crescente de carros e motos em Maceió, mas a quantidade de ônibus permanece igual. É urgente um processo educativo com os motoristas para que se respeite o deficiente e o idoso também, por exemplo. Dessa forma, proponho uma integração eficiente entre os transportes e intervenções menores: novas vias de corredores especiais para o transporte público, ciclovias sinalizadas, sinais sincronizados. Defendo ainda o VLT, mas as propostas que estão divulgando, com a atual crise econômica, são inviáveis.

Moradia

“O ano de 2017 será pior que 2016, falando de economia e política. Sabiam que ⅓ de Maceió é zona rural? Ou você discute a cidade com um plano diretor, estatuto das cidades, enfim, com controle social, ou não vai dar certo. Temos terras paradas só para especulação em bairros como Jaraguá, por exemplo, que nem pagam IPTU. Eu iria passar a cobrar isso e relacionar essa moradia com o trabalho, assim não teremos o problema do cidadão ganhar a casa e depois vender como ocorre hoje. Defendo o IPTU progressivo. Quem não tem como pagar tem que ter isenção. Quem pode, deve pagar de forma progressiva”

Saneamento

“O turista classe A só vem no máximo uma vez a Maceió. Quando ele lê sobre a violência da cidade, a desigualdade, ele não vem. Fora as línguas de poluição na orla da cidade. Nosso problema são os edifícios residenciais. Com um tamponamento, os dejetos voltariam para as casas. Precisaríamos fazer um tratamento de choque assim. Tem dinheiro para equacionar o complexo Salgadinho? Não. Dependemos do governo federal, que não tem condições neste momento de ajudar. Mas as praias temos como resolver sim.”

 


Foto: Messias Junior / Plug